Um ciclo de comunicação e comunicação de duas vias são na verdade duas coisas diferentes. Se examinarmos de perto a anatomia da comunicação, a estrutura real e partes, nós descobriremos que um ciclo de comunicação não é na sua totalidade um ciclo de comunicação de duas vias.
Se inspecionar o Gráfico A abaixo, verá um ciclo de comunicação:
Aqui temos o Zé como originador de uma comunicação. Este é o seu impulso primário. Este impulso é dirigido ao Quim. Vemos o Quim a recebê–lo. E depois o Quim, originando uma resposta ou um acusar de recepção, como Quim', devolve este acusar de recepção ao Zé'. O Zé disse por exemplo: «Como estás?». O Quim recebeu isto e, depois, o Quim (tornando–se causa secundária) respondeu a isso como Quim’ com um: «Estou bem, obrigado», o qual chega até ao Zé’ terminando assim o ciclo.
Agora poderá seguir–se aquilo a que chamamos ciclo de comunicação de duas–vias, como no Gráfico B abaixo:
Aqui temos o Quim a originar uma comunicação. O Quim diz: «Como vão as coisas?».O Zé recebe isto e depois, como Zé’ ou causa secundária, responde: «Vai–se andando», resposta essa que recebe então acusar de recepção por parte do Quim’ ao ser recebida.
Em ambos estes Gráficos, nós descobrimos que o acusar de recepção da Causa secundária foi expressado (no Gráfico A) pelo Zé' como um aceno ou um olhar de satisfação e de novo, (no Gráfico B) o «Vai–se andando» do Zé' recebe de facto um acusar de recepção do Quim' com um aceno ou alguma expressão indicando a recepção da comunicação.
Se tanto o Zé como o Quim fossem homens «sérios e calados» omitiriam alguma parte destes ciclos. A omissão mais flagrante e a que é mais frequentemente entendida como «retardo de comunicação» seria o Zé no Gráfico A a dizer: «Como vais?» e o Quim ficar ali parado sem falar. (Por «retardo de comunicação» queremos dizer o período de tempo decorrente entre o fazer uma pergunta e a resposta a essa pergunta específica dada pela pessoa a quem se fez a pergunta).
Aqui temos o Zé a causar uma comunicação e o Quim' a falhar em continuar o ciclo. Nós não sabemos nem inquirimos e não estamos interessados em saber se o Quim, como o ponto de recepção, chegou ou não a ouvi–lo. Podemos presumir que ele pelo menos estava presente, que o Zé falou suficientemente alto para ser ouvido e que a Atenção do Quim estava algures na proximidade do Zé. Agora, em vez de continuar com o ciclo de comunicação, o Zé fica ali com um ciclo incompleto e nunca tem uma oportunidade de se tornar Zé´.
Há diversas maneiras de não se poder completar um ciclo de comunicação e estas poderiam ser categorizadas como:
- O Zé falhar em emitir uma comunicação.
- O Quim falhar em ouvir a comunicação.
- O Quim' falhar em responder à comunicação recebida por ele.
- O Zé' falhar em dar um acusar de recepção, com algum sinal ou palavra, ao que ele ouviu do Quim'.
Nós poderíamos atribuir várias “razões” a tudo isto. Mas o nosso propósito aqui não é atribuir razões pelas quais eles não completam um ciclo de comunicação. Todo o nosso propósito tem a ver com a não–completação deste ciclo de comunicação.
Pois bem, como se vê no Gráfico A, digamos que temos no Zé uma pessoa que está compulsiva e continuamente a originar comunicações, quer tenha atenção de alguém ou não e quer estas comunicações tenham ou não que ver com qualquer situação existente apropriada. Descobrimos que o Zé provavelmente irá deparar–se, na sua comunicação, com um Quim desatento que não o ouve. E, portanto, um Quim' ausente que não lhe responde. E, portanto, um Zé' ausente que nunca dá um acusar de recepção.
Examinemos esta mesma situação no Gráfico B. Aqui temos, no Quim, a originação de uma comunicação. Temos o mesmo Zé com um fluxo de saída compulsivo. O Quim diz: «Como estás?» e o ciclo não está completado porque o Zé, tão interessado na sua linha compulsiva, não se torna em Zé' e nunca dá uma oportunidade ao Quim de se tornar Quim' e dar um acusar de recepção.
Agora vamos tomar outra situação. Encontramos o Zé a originar comunicações e o Quim é uma pessoa que nunca origina comunicações. O Zé não é necessariamente compulsivo ou obsessivo em originar comunicações. Mas o Quim está aberradamente inibido em originar comunicações. Descobrimos que o Zé e o Quim, trabalhando juntos, depois entram neste tipo de actividade: o Zé origina comunicação, o Quim escuta–a, torna–se Quim', responde–lhe e permite ao Zé uma oportunidade de se tornar Zé'.
Isto prossegue muito bem, mas mais tarde ou mais cedo vai resultar num bloqueio num ciclo de duas–vias, que é violado porque o Quim nunca origina comunicação.
Um ciclo de comunicação de duas vias funcionaria deste modo: o Zé, tendo originado uma comunicação e tendo–a completado, pode então esperar que o Quim origine uma comunicação para o Zé, completando assim o resto do ciclo de comunicação de duas vias. O Quim origina uma comunicação, esta é ouvida pelo Zé, respondida pelo Zé' e o Quim' dá um acusar de recepção.
Assim, temos o ciclo de uma comunicação normal entre dois «terminais». Porque neste caso, o Zé é um
Os ciclos dependem de o Zé originar comunicação, de o Quim ouvir a comunicação, de o Quim tornar–se Quim’ e responder à comunicação, de o Zé’ acusar recepção à comunicação, depois o Quim originar uma comunicação, o Zé ouvir a comunicação, o Zé’ responder à comunicação e o Quim’ acusar recepção à comunicação. Se eles fizessem isto, independentemente do assunto sobre o qual estivessem a falar, eles nunca entrariam numa discussão e acabariam por chegar a um acordo – mesmo que fossem hostis um ao outro. As suas dificuldades e problemas iriam esclarecer–se e eles estariam, em relação um ao outro, em boa forma.
Um ciclo de comunicação de duas vias fracassa quando qualquer um dos terminais, cada um por sua vez, falha em originar comunicações.
Descobrimos que toda a sociedade tem grandes dificuldades nesta área. As pessoas estão tão acostumadas ao entretenimento «
Suponhamos que a falta de impulso de causa primária ou original, por parte do Zé, o levou a uma comunicação obsessiva ou compulsiva; vemos que está tão ocupado com o fluxo de saída que nunca tem uma oportunidade de ouvir ninguém que fale com ele, e mesmo se ouvisse, não lhes responderia. O Quim, por outro lado, poderá ser tão, tão, tão fraco em Causa primária (ou seja, ele tem uma originação de comunicação fraca) que nem sequer avança para Quim' ou, se o fizesse, nunca daria a conhecer a sua própria opinião, desequilibrando assim o Zé cada vez mais para uma comunicação cada vez mais compulsiva.
Como pode ver por estes Gráficos, poderiam ser originadas algumas situações inéditas. Haveria a questão da resposta obsessiva e também da resposta inibitiva. Um indivíduo poderia passar o tempo todo a responder, a justificar ou a explicar – o que vai dar ao mesmo – nenhuma comunicação primária foi originada nele. Outro indivíduo (como o Zé' no Gráfico A ou o Quim' no Gráfico B) poderia passar todo o seu tempo a acusar a recepção, apesar de não lhe ter sido dito nada ao qual acusar a recepção. No entanto, as manifestações comuns e mais notadas são a «originação obsessiva» e «compulsiva», a «aceitação sem resposta» e «não acusar a recepção da resposta». E nestes lugares podemos encontrar fluxos presos.
Como o único crime neste universo parece ser comunicar, e como o
Os fluxos ficam presos, neste ciclo de comunicação duplo, quando ocorre uma escassez em:
- Originação de comunicação.
- Recepção de comunicação.
- Responder a uma comunicação dada.
- Acusar a recepção das respostas.
Assim pode–se ver que existem apenas quatro partes que podem tornar–se problemáticas tanto no Gráfico A como no Gráfico B, não importando o número de manifestações peculiares que possam ocorrer como resultado disso.
qualquer coisa que possa receber, passar ou enviar uma comunicação. Este termo vem do campo da electrónica onde um terminal é um de dois pontos fixos entre os quais viaja um fluxo de energia. Um exemplo disto é uma bateria de um carro que tem dois postos de ligação (terminais) onde a energia flui de um posto para o outro. Em Scientology, duas pessoas a comunicarem são chamadas de terminais porque a comunicação flui entre elas.
gravado antecipadamente numa forma padronizada para uso geral e repetitivo, pensado como um padrão e não original. Por exemplo, muitos programas radiofónicos e televisivos semanalmente são gravados antecipadamente para serem transmitidos mais tarde, ao utilizar gargalhadas, aplausos e outros elementos predizíveis e repetitivos gravados antecipadamente.
uma qualidade ou característica que compensa por outras características geralmente negativas; característica redentora.